2012-05-02

O cego

senti saudades de doer e rasgar os olhos
senti vontade de chorar e chorei
coloquei na mente a cidade o castelo
me ceguei por pensar que sou rei
sou rei sem dúvida, mas não há coroa
não há rainha, não existem súditos
não há princesa Sofia, nem príncipe Théo
sou rei e existem sonhos, eu não existo também
está aí, o mundo que vivo é de desejo
e não vivo por apenas desejar
Hamlet também não sou, nem Cyrano
sou aquele que tem alguém para amar
Tirésias me avisa que também não sou Odisseu
mas posso aprender com ele a não dormir
a confiar apenas em mim e na minha espada
encontrei Telêmaco e Penélope no jantar
Eles esperavam por mim para comer
Minha Penélope interior já havia tecido minha mortalha
Telêmaco chorava como um bebê sem iniciativa
Odisseu se tornara infiel ao retorno
Tudo isso é palavra, logo engano
E se colar na sua mente
ou passar os olhos rapidamente pode entender besteiras
enganos mais, isso é a poesia que sai sem pensar
e é por pensar que aviso, não leia com teus olhos
e não tente roubar os meus.

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